
Mia Couto, pseudônimo de Antônio Emílio Leite Couto, nasceu na cidade da Beira, em Moçambique, África, no dia 5 de julho de 1955. Filho de Fernando Couto, emigrante português, jornalista e poeta que pertencia aos círculos intelectuais de sua cidade. Com 14 anos, Mia Couto publicou seus primeiros poemas no jornal Notícias da Beira. Em 1971 deixou sua cidade e foi para a capital Lourenço Marques, hoje Maputo. Ingressou no curso de Medicina, mas depois de três anos abandonou a faculdade. A partir de 1974 dedicou-se ao jornalismo. Trabalhou na Tribuna, foi diretor da revista semanal Tempo, entre 1979 e 1981, e trabalhou no jornal Notícias, até 1985.
O escritor foi diretor da Agência de Informação de Moçambique, em 1976, além de trabalhar na revista Tempo, de 1979 a 1981, e no jornal Notícias, de 1981 a 1985. Seu primeiro livro de poesias — Raiz de orvalho — foi publicado em 1983. O poeta deixou o jornalismo, em 1985, para fazer Faculdade de Biologia e trabalhar como professor de Ecologia na Universidade Eduardo Mondlane.
Em 1992, publicou o seu primeiro romance — Terra sonâmbula —, eleito como um dos melhores livros africanos do século XX durante a Feira do Livro de Zimbabwe. Além disso, em 1996, foi um dos fundadores da Impacto, empresa de consultoria ambiental. E, em 1998, ele se tornou o segundo escritor africano a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente. O primeiro foi o senegalês Léopold Sédar Senghor (1906-2001), eleito em 1966.
Assim, Mia Couto, o autor moçambicano mais conhecido mundialmente na atualidade, recebeu os seguintes prêmios:
- Prêmio Anual de Jornalismo Areosa Pena (1989)
- Vergílio Ferreira (1990)
- Prêmio Nacional de Ficção da Associação de Escritores Moçambicanos (1995)
- Mário António (2001)
- União Latina de Literaturas Românicas (2007)
- Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura (2007)
- Eduardo Lourenço (2011)
- Camões (2013)
- Prêmio Internacional de Literatura Neustadt (2014)
Características literárias de Mia Couto
As obras de Mia Couto fazem parte da literatura contemporânea moçambicana. Assim, trata-se de uma literatura do período pós-independência, surgido após um conflito armado que levou à independência do país, em 1975, seguida de uma guerra civil que durou 16 anos. Nessa perspectiva, suas obras possuem as seguintes características:
- Presença de neologismos.
- Realismo mágico ou fantástico.
- Resgate da tradição.
- Busca da identidade nacional.
- Marcas de oralidade.
- Multiculturalismo.
- Valorização da memória cultural.
- Uso de alegorias.
- Engajamento político.
- Lirismo.
Obras de Mia Couto
→ Poesia
Raiz de orvalho (1983)
Raiz de orvalho e outros poemas (1999)
Idades, cidades, divindades (2007)
Tradutor de chuvas (2011)
→ Contos
Vozes anoitecidas (1987)
Cada homem é uma raça (1990)
Estórias abensonhadas (1994)
Contos do nascer da Terra (1997)
Na berma de nenhuma estrada (1999)
O fio das missangas (2003)
→ Crônicas
Cronicando (1991)
O país do queixa andar (2003)
Pensatempos. Textos de opinião (2005)
E se Obama fosse africano? e outras interinvenções (2009)
Pensageiro frequente (2010)
→ Romances
Terra sonâmbula (1992)
A varanda do frangipani (1996)
Vinte e zinco (1999)
Mar me quer (2000)
O último voo do flamingo (2000)
Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra (2002)
O outro pé da sereia (2006)
Venenos de Deus, remédios do diabo (2008)
Jesusalém (2009)
A confissão da leoa (2012)
Vagas e lumes (2014)
Mulheres de cinzas (2015)
A espada e a azagaia (2016)
O bebedor de horizontes (2017)
→ Literatura infantil
O gato e o escuro (2001)
A chuva pasmada (2004)
O beijo da palavrinha (2006)
O menino no sapatinho (2013)
Frases de Mia Couto
A seguir, vamos ler algumas frases do escritor Mia Couto, retiradas de entrevista concedida à Revista Bula, em 2008:
“Todos nós estamos sempre à procura de uma coisa que está sempre mais além e mais além…”
“A felicidade que a escrita me dá vem sobretudo do fato de eu poder ser outro.”
“Eu quero ser infinito e quero ser eterno.”
“Encontrei uma maneira de mentir a mim próprio me multiplicando em pessoas e em personagens que eu vou criando.”
“Estou disponível para aprender e para rever a mim próprio, porque o que fiz já não conta, conta o que tenho ainda a fazer.”
“Eu sou adepto da crítica, desde que devidamente fundamentada.”